Attíla Torres
Páscoa simboliza o nascimento para uma nova vida. A Ressurreição é uma mudança. As ações de quarentena/isolamento social determinadas para conter a pandemia do Corona vírus (COVID-19) com certeza tornarão essa data diferente para a maior parte das famílias brasileiras.
Estamos vivenciando um momento único, uma excelente oportunidade de parar, pensar, refletir, ressignificar, lançando um novo olhar às nossas vidas, nossas atitudes, como e o que consumimos, nossas relações e rotinas. Ressignificar quer dizer dar novo sentido a algo ou alguém já existente.
Há momentos na vida em que é preciso começar tudo do zero. Em contrapartida, há outros nos quais basta um olhar apurado para ressignificar aquilo que já existe e ganhar novos sentidos e possibilidades.
O prefixo “re”, inclusive, é poderoso nesse sentido. Ele nos ajuda a ver as situações por ângulos diferentes, sem recorrer às velhas e ineficazes receitas de sempre. Viver é estar sujeito a passar por momentos bons e ruins, que, nem sempre – ou quase nunca – estão sob nosso controle.
Com as pessoas em momento de distanciamento social, com várias restrições de movimento, famílias criam maneiras alternativas de celebrar essas datas, uma vez que já vimos que a reunião com familiares e amigos é uma das principais tradições que estão sendo readequadas à nova realidade.
As adaptações incluem transmissão virtuais das missas de Páscoa em igrejas e reuniões virtuais. Soluções tecnológicas compensarão a distância nas celebrações de muitas famílias. mudando a comemoração para que ela seja feita apenas entre as pessoas que já moram juntas. Tudo isso reflete também na valorização do contato mais humano e mais presente.
Em resumo: como vamos reagir a determinadas circunstâncias é uma escolha. A transformação vem de dentro de nós. Cabe a cada um decidir se uma crise existencial, por exemplo, vai deixar ensinamentos ou vai servir apenas para lamentações e vitimizações. Nos dualismos da vida, a ressignificação é o que nos faz olhar para o lado bom quando a impressão é que só existem coisas ruins para extrair.
Preferir sempre olhar pelo lado positivo e priorizar o otimismo ao pessimismo é escolher a ressignificação. Muitas pessoas podem pensar que o primeiro passo para a ressignificação é simolesmente apagar e esquecer tudo o que aconteceu e agir como se nada tivesse ocorrido.Mas não é bem assim. Não basta simplesmente desejar que este momento se encerre simplesmente. Não podemos desejar que a dor cesse sem qualquer consciência.
Por mais que seja doloroso, precisamos olhar com consciência para trás e tentar tirar algo de bom desse passado. Isso não significa que você deve ficar preso a ele, muito pelo contrário. É necessário estar bem resolvido com o que passou para seguir em frente. É importante refletir sobre o que este momento está refletindo em si: quem desejamos ser após o isolamento acabar?
Todos nós temos uma história, um acúmulo de acontecimentos que fez chegarmos onde estamos. Esse passado precisa ser respeitado, independentemente daquilo que tenhamos enfrentado lá atrás. Após olhar para trás e analisar de forma consciente tudo o que aconteceu, é preciso mudar a direção.
Devemos observar o futuro para ver o que pode ser feito de diferente a partir dos novos ensinamentos absorvidos. É a hora de traçar os objetivos a curto, médio e longo prazo e definir as estratégias para chegar lá. A pandemia não deve ser vista só pelo lado da dor. A pandemia também deve ser analisada pelo prisma da cura, da mudança. Este momento está nos proporcionando não só uma oportunidade de refletir sobre nossas dores, mas também para conhecermos nossas forças.
Ressurreição é uma mudança. Segundo palavras do teólogo Leonardo Boff: “o período da Semana Santa é de reflexão sobre a nossa vida, nosso futuro, nossa relação com a natureza, porque esse vírus é parte da natureza e veio dela. E se elaborarmos uma outra relação, mais amigável, mais amorosa, mais em sintonia com a natureza, e não uma relação de utilização e agressão dela, se fizermos isso, aí sim vamos ressuscitar. Temos que tirar lições da pandemia. Não pode ser como antes.”.
Como já diz Lulu Santos: “Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa, tudo sempre passará…”
Uma dica para quem está meio perdido neste momento da vida é definir uma lista de prioridades e estabelecer um período de tempo para alcançar essas metas. Sairemos mais fortes desta situação. Mais fortes como indivíduos e mais unidos como sociedade.
Feliz Páscoa!!!
Presidente do Podemos Esporte Bahia, Educador Físico, Gestor Esportivo, Administrador, Grão Mestre em Taekwondo. Condutor da Tocha Olímpica nas Olimpíadas do Rio 2016, Especialização nos Estados Unidos e Coreia do Sul.