“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”

Attíla Torres 

O que significa esta famosa frase de Albert Einstein? Que, diante dos obstáculos, ao invés de simplesmente ficar desesperado e reclamar, tem-se que estar atento às oportunidades, movimentar-se, pensar, repensar e mudar as atitudes e os comportamentos, conhecer coisas novas. A dificuldade deve ser encarada como uma mola propulsora para sair da zona de conforto.

Tal pensamento pode ser complementado com o ensinamento de Rubem Alves: “Ostra feliz não faz pérola”. Rubem Alves foi um psicanalista, educador, teólogo, escritor e pastor presbiteriano brasileiro com várias obras publicadas. O escritor mineiro, de diferentes formas, ensinava que tudo tem dois lados, tudo leva à uma aprendizagem e tudo serve para alguma coisa. Basta estarmos dispostos a aprender e nos tornamos melhores diante das piores adversidades.

Atualmente a humanidade está passando por uma pandemia que já demonstra evidentes sinais de que não só é tempo para todos se recolherem para evitar a proliferação de contágio, mas também é um momento para reflexão.

Muito já foi falado nestes últimos dias sobre a necessidade de cuidados, de isolamento e também de como passar este tempo em que as pessoas estão se recolhendo em seus lares, inclusive com muitas sugestões de orações, mentalizações e meditações em grupos virtuais. A população está tendo a experiência de “recolhimento”, depois muitos anos de correria, estresse e muitas horas de jornada fora dos lares. Este pode ser um excelente momento de reflexão.

Porém, por outro lado, a paralisação de vários setores também influencia diretamente na questão econômica-financeira. Muitos profissionais liberais e autônomos estão em suas casas sem terem trabalho, sem renda, sem saber como irão pagar as suas contas nos próximos dias.

Empregadas domésticas, que em muitos casos são arrimo de família, estão sendo dispensadas sem receber suas diárias. Tudo num enorme efeito dominó, onde ainda não se sabe exatamente quais as consequências.

O que fazer neste momento de crise de proporções mundiais? Aproveitar o recolhimento para olhar para o passado e ver o que podemos aprender com ele. Planejar o futuro e não se desesperar no presente. Manter o discernimento. Em meio ao isolamento social e ao excesso de informação sobre o Covid-19, nossa saúde mental corre um sério risco de sobrecarga. Cuidar de si, dos seus familiares e das demais pessoas ao seu redor.

Pensar no próximo com empatia, colocando-se no lugar do outro ser humano. Pensar que, se acaso for fazer compras, não é necessário adquirir todos os produtos da prateleira, pois isso poderá causar um desabastecimento e, talvez até um aumento de preços.

Pensar que, se acaso algumas pessoas podem estocar grandes quantidades de produtos em suas casas, outros podem não ter condições financeiras e nem espaço para isso e que, portanto, precisam ter a segurança de que vão encontrar mercados abastecidos e com preços estáveis.

Pensar que o seu vizinho ou parente idoso, ou com dificuldade de locomoção ou com algum tipo de doença e que possa estar precisando comprar alguma coisa e oferecer-se para ajudar. Cuidar do que divulga nas redes sociais, existem muitas fake news sendo veiculadas e muito material de conteúdo alarmista. Evitar pânico, manter a calma são essenciais.

Quando uma sociedade passa por uma grande crise, é comum olhar para os obstáculos do presente como algo intransponível, uma ameaça e, para o futuro, olhar com uma lente de pessimismo. Acontece que o ser humano tem um instinto de sobrevivência, aliado a uma vontade de crescer, inovar e reinventar-se. “Sem obstáculos, não haveria nem esforço, nem luta. E a vida seria insípida” já dizia o grande poeta libanês-americano, Gibran Khalil Gibran.

E a abertura ao novo, a curiosidade e a vontade de se reinventar são características ainda mais perceptíveis nos brasileiros. Quando há uma crise, temos de colocar todas as forças na inovação, porque a única resposta agora é criar novas soluções.

A crise econômico-financeira decorrente da pandemia atual é um cenário nunca antes visto. Não se pode usar ferramentas antigas para solucionar problemas novos. Por isso é imprescindível inovar. Especialmente em tempos de crise, inovar é a única saída.

Mas, também deve-se ter em mente que é preciso ter calma em meio ao caos. É preciso um olhar positivo diante de situações inusitadas. Charles Chaplin sempre dizia: “a persistência é o caminho do êxito”. Planejamento e persistência são elementos essenciais para o sucesso, porém não são os únicos. Inovação e empatia têm sido considerados como diferenciais na atualidade.

Jean Paul Sartre, filósofo existencialista francês do Século XX, assim preconizava: “Não importa o que a vida fez de você, importa o que você fez do que a vida fez de você”, visto que crises e obstáculos todos enfrentam, mas, o importante é saber tirar alguma lição destes momentos difíceis. O elemento transformador é que fará toda a diferença nos períodos mais críticos.

“Um pessimista vê a dificuldade em cada oportunidade; um otimista vê uma oportunidade em cada dificuldade” foi o mote muitas vezes repetido por Sir Winston Churchill, que foi primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente manter o foco e ser resiliente são consideradas habilidades complementares ao otimismo.

Por fim, cabe esclarecer que este texto foi propositadamente composto por frases marcantes de grandes figuras do passado, pois, como dizia Kant, principal filósofo da Era Moderna: “Experiência é percepção compreendida”. Trazendo para a realidade atual: usar os exemplos do passado, as experiências já vividas, para melhor compreender o presente e ter um discernimento mais apurado para as decisões que irão garantir um futuro melhor.

 

Presidente do Podemos Esporte Bahia, Educador Físico, Gestor Esportivo, Administrador, Grão Mestre em Taekwondo. Condutor da Tocha Olímpica nas Olimpíadas do Rio 2016, Especialização nos Estados Unidos e Coreia do Sul.

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